domingo, 23 de dezembro de 2012

Re-serpenteando o tédio

Uma semana entrevada
Sem combustível,
Travando rincha em mim
Numa caminhada curta,
Do verso contínuo, perdido
Quero descer o verbo
Sem assistência desço
Protestando para os vagabundos
Omitindo a compreensão,
Sem molhar os olhos.

Sem molhar os olhos
Omitindo a compreensão,
Protestando para os vagabundos
Sem assistência desço
Do verso contínuo, perdido
Numa caminhada curta,
Travando rincha em mim
Sem combustível,
Uma semana entrevada
Re-serpenteando o tédio.

Akiw Purple
21/12/12

Re-serpenteando o tédio

Uma semana entrevada
Sem combustível,
Travando rincha em mim
Numa caminhada curta,
Do verso contínuo, perdido
Quero descer o verbo
Sem assistência desço
Protestando para os vagabundos
Omitindo a compreensão, 
Sem molhar os olhos.

Sem molhar os olhos
Omitindo a compreensão, 
Protestando para os vagabundos
Sem assistência desço
Do verso contínuo, perdido
Numa caminhada curta,
Travando rincha em mim
Sem combustível,
Uma semana entrevada
Re-serpenteando o tédio
.

Akiw Purple
21/12/12

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pétalas carmesim





Despertei atulhada de suor pelo sonho que me acompanhou nessa noite. Precisei tomar uma ducha fresca, não havia sol, mas o calor era insuportável por dentro. Me vesti como se um novo evento me aguardasse, um banquete, quem sabe, mesmo que não tivesse chegado
nenhum convite. Estava bem disposta, não poderia ter nada a perder daquele momento à frente. Pronta, me arrastei rumo ao salão principal.
Passando pelos portais de alguns quartos ouço uma voz com toda sua sensualidade, percebi alguma declaração de entrega a outro ser, que delícia isso. Percebi que havia sim o sol, pelas gretas das imensas janelas ao fim do corredor que dava para uma escadaria que levaria rapidamente ao meu destino. A sonolência ainda me tomava por dentro. Vi os raios, que tão belos que davam vazão ao que acabara de ouvir sem intenção, um calor gostoso, não forte, mas havia luz intensa e firme, podia mesmo sentir a brisa da noite que havia mal ido embora saudando o dia, mas nada vi ali então bisbilhotei alguns cômodos próximos à procura de alguém. Sem exatidão procurei algo para beber na cozinha, enchendo uma taça do vinho que alguém havia deixado por ali. Ouvi um barulho talvez vindo do deposite, assustada por não esperar encontrar alguém num local onde quase não se vê pessoas fiz um desastre e respinguei pelo forro do balcão aquele líquido arroxeado, molhando também
uma mão. 
Deixei a taça e tentei ver o que era aquilo, procurei, mas nada parecia fora do lugar. Talvez fosse impressão. Mas não, assim vi a sombra negra de um gato tão negro quanto se
desviar por entre minhas pernas. “Ufa!”
Peguei minha taça e saindo acendi um cigarro fino e aromático, talvez para não incomodar alguém que passasse por mim, e acabei molhando um lado dele.  Parte para a porta que dava direto ao jardim, me atentando a ela podendo perceber que alguém possivelmente acabava de sair. Ou...
Voltei então para a cozinha e peguei logo a garrafa que estava não muito cheia, mas via que já
havia tirado umas três taças do resíduo. Por mim tudo bem. Peguei também algumas uvas na mesa, e voltei para a porta, ali fiquei observando o nada e algumas flores a margem do caminho da pequena escada da entrada. Já sem uvas, virando a garrafa de instante em instante me vi espirrando. Estremeci. “Ora, és tu seu assanhadinho, que me fazes espirrar assim tão forte? ”
O bicho apenas grunhiu como se respondesse em seus olhos fumegantes e patas ágeis. “Espere, tu és... vejamos esses olhos... eras tu antes quem me assustava, não?!” Tentei pega-lo, mas me escapou facilmente dando saltos para dentro do jardim, então fiz dele minha
companhia do momento já que não encontrei ninguém pelo caminho, e o persegui inutilmente até o outro lado onde ele arranhava o chão e corria de um lado para o outro em meio a seus saltos. “Hahahaha! O que queres de mim?! Assusta-me depois fugi, vem até mim depois escorrega de meu colo como se preferisse o chão, pouco depois me faz te buscar em outro canto me enganando novamente.”
Ele alvacento então desapareceu entre flores e folhas secas das miúdas árvores estampando suas sombras a sacudir e ali fiquei prostrada desenhando com os galhos na terra entre as raízes das árvores até que se fez noite, mal percebi o dia passar. Ali mesmo me fiz recordar os tempos mais recuados de minha história. Uma noite sem igual, incrivelmente cristalina iluminada pela lua que se mostrava quase rubra, enaltecia-se em seu glamour enfeitando as flores de um orvalho fresco dando força ao tom carmesim de suas pétalas, tão frescas quanto seu relento mais puro. Depois de deslumbrar toda aquela beleza voltei a meu quarto e para aproveitar a claridade do imenso astro no céu peguei um livro de poesias de Érico Veríssimo e voltei para o pé de uma árvore bem próxima ao jardim de dentro. Ali me fiz ler belas palavras montadas numa sintonia gostosa.
"Gota de orvalho
na coroa dum lírio:
Joia do tempo."  Érico Veríssimo
Nesse passo fez silêncio e o vento soprou forte, enquanto virava a garrafa para mais um gole e ele se balançou mais forte bagunçando meus cabelos fazendo ninho. Potencialmente ouvi o barulho do portão batendo, vejamos, uma criatura adentrava ao castelo se fazendo presença da noite. Parecia fascinada com tanta beleza que prostrava em sua vista. Seus olhos quase pálidos a me ver suspiraram, parecia um alívio, ou um desespero. Estava pronta para dar-lhe as graças de boas vindas, mas esta se fez seguir para mais a frente. Amansando minha curiosidade segui-a. Uma criatura indescritível; Alcancei-a. Arrastando o vestido e derramando fluidos do vinho restante debrucei lhe o olhar fixo.  “Saudações!” 
E novamente se fez silêncio pardo.
Nessa hora apenas bateu mais um lance do vento forte que nos embaraçou de alguma forma, e ainda silêncio.

Akiw

Criatura de sonho




Tomada pelo gosto de pus que o ser deixou em meus lábios, me vou para a janela depois de trocar algumas palavras de desconfiança com minha mente e não obtendo nenhuma resposta volto para a cama e me deixo cair nela, meu vestido faz um leve movimento e também se faz cair na cama formando assim a boca de uma taça, mas só que negra. Fechados os olhos da criatura peguei na gaveta ao lado uma caneta de pena, a mais simples, e em cima da escrivaninha meu bloco de notas e rabisquei qualquer coisa que acabou formando um convite pretensioso, arranquei sem muito cuidado a página e joguei no chão na intenção de que fosse lido.Pegando a folha de papel sem cerimônia leu em voz alta com toda sutileza na voz rouca: “Que faça de meu corpo seu cálice sublime, aprecie cada gota como se fosse a última, toma-me, faça-se sentir embriagado e toma-me em tua musicalidade produtiva e asquerosa, porém de grande influência em meu desejo carnal. Represe minhas lágrimas em teu colo, e que elas matem tua fome, se alimente delas, e cesse-as até que fiquem mudas. Pois há uma dor, um manto negro que envolve meu coração, que devassa meu ser como a geada quebra as folhas desnutridas do inverno. Homem de roso encoberto pelas sombras, pelas mágoas da vida, faça-se ser meu nesta hora. Traga-me tuas palavras de grande poder fazendo-me engoli-las. Faça de mim tua. Tal como fui um dia.”E terminou dizendo: “Que assim seja!”.Sua primeira ação foi retirar de algum lugar um pequeno punhal perceptivelmente bem afiado, e pouco usado. Meu medo calado me fez virar as costas ainda deitada. A lâmina passava como um raio gelado por toda a nuca. Ele tomando total comando de meu corpo, apossando-se de minha mente. Ali já se podia sentir o cheiro do sangue que me escorria do pé da orelha pelo pescoço até que senti o gosto de sangue fresco em meus lábios. Se levantando e acendendo algumas velas pelo quarto não me impressionei, mas quando colocou algumas espalhadas pela janela me segurei para não dizer que isso poderia chamar a atenção de alguém. E calado me jogou um olhar de quem sabe o que faz e isso me fez intensificar a dor insensata que sentia. Inesperadamente soltou uma gargalhada seguida de algumas palavras assustadoras, mas que trouxeram a realidade do momento. “Sente-se na cama! Irei te dar o que merece...” Retirando o vestido e me sentando onde foi mandado ele bradou. “Não retire seu vestido mulher!””Me fiz estática enquanto a alça da roupa caia lentamente e ele a ajustava no lugar. “Não é assim que as coisas funcionam comigo. “Prefiro imagina-la desde o início.” Tomando posse de uma vela de chama alta, mantendo ainda na outra mão o punhal, começou a esparramar cera por seu braço com feição maliciosa.Depois de terminada a operação voltou a sua seriedade. O homem se pôs frente a mim de joelhos levantando a barra do vestido e abrindo minhas pernas sem nenhuma mudança de semblante. Mal me olhava o rosto. Retirou um guardanapo e umedeceu-o com saliva, colocou a lamina reluzente de lado, e esfregou o tecido entre minhas pernas, adentrando dois dedos suavemente em minha vulva. Apesar de ser visível que não era sua fonte de excitação maior. Não satisfeito me empurrou na cama e soltou um som, “Chi!”, puxando a meia calça para baixo dos joelhos e continuou me apertando as coxas. Já possuída pelo desejo da curiosidade e prazer fechei os olhos e me deixei levar enquanto ele frisava sua eloquência. O homem ajeitou meu vestido e entramos em um diálogo maçante que me fez quase adormecer. Em pouco tempo ele se fez sair pela porta sem se despedir. Com sua ida todo o meu cansado e puro otimismo fez-se ir embora a sua partida, me deixando em devaneios adormecida, rastejando entre um sonho e outro.



Akiw


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Mortalha

Mortalha


Duas visões onde encontro força para tudo suportar
Uma que me faz te odiar, um cúmulo
Outra que me traz a alegria
O vento e as vezes até o mar
Um nevoeiro vem de longe
Sinto meus pés fracassados
Quero agora te arrancar a face
Se esconda para me enganar, vamos!
Brinque comigo.

Não vou contar com a sorte,
Pois só agora vi as sombras do que sobrou no beco da morte
Me mantenho forte para chamar sua atenção,
Cometo crimes sem norte, estou em combate!
É, com a sorte não posso mesmo contar

Posso até resumir,
Quando vier alguém me perseguir, me prometer
Farei o que der para confundir o tempo,
Sou capaz de ferir sem tocar
Fingir, mentir, ou mesmo fugir
Tudo que quero se torna uma medalha,

Em minha mente crio funções para vencer

Vencer a batalha fundada
Formada sem qualquer falha.
Porém, se eu nada conseguir, nem sequer uma migalha de pão,

Um corpo esfarrapado, uma mente alterada
Não evitarei meu corpo envolto numa mortalha.

Akiw    30 de Maio de 2011

Salva-me!

Salva-me! 

.

Venha para meus braços abertos.
Meus lábios em chamas sem condição.
Festejantes olhos incertos.
Coração pregando ao mundo tua satisfação.
Venha para meus lábios que gritam incessantes.
Chegue bem perto para sentir o ar de quem se sente como fogo reluzente.
Alguém a mais dentro de um cerco de seres coadjuvantes.
Crepitando na alma do mundo como quem nunca esteve doente.
Akiw’
 

Posted on November/16/2011

A dor da espera…( Entendo )

A dor da espera…( Entendo ) 


Quando penso que o sol não mais brilhará,
A luz emana de onde menos esperava.
A lágrima seca no calor de um abraço, que seja em teu calor,
O peito cicatriza na pureza da pele, humana, ferida aberta sentindo vida.
O coração deixa de apanhar e volta a bater com força em seu lugar!
Realidade e sonho se confundem numa sensação inexplicável, é o que quero, e onde quero chegar.
Um misto de prazer, carinho e sedução, excitação, lágrimas inflamadas, e abraços doloridos já.
O feio vai se tornando belo, a medida que o tempo mostra o seu poder.
O belo vai ser tornando lindo, a medida em que ambos se completam.
O lindo vai ser tornando perfeito, a medida em que  o verdadeiro amor nasce, pois o tempo é o maior criador do universo.
Num passe de instante, a dor que habitava o nosso interior se vai, em seu lugar vem suspiros aliviados.
Regenerando o nosso coração,nossa carne mesmo em sangue fazendo-o sentir-se vivo outra vez.
Não é o acaso, este não pertence a meu mundo, não adianta buscar uma pessoa especial, é torná-la como tal;
Pois na verdade, se assim não for, é sempre que a pessoa então te acha.
E aí os problemas vão sumindo um a um…
Como se esse alguém soubesse a solução de cada coisa, soubesse até onde devem estar seus dedos,
Encaixar todas as peças do quebra-cabeça da tal felicidade!
Aquele sentimento guardado por anos, que alimentamos e fazemos crescer, que até nos cava nos machuca.
Enquanto é apenas esperança o “tudo” que temos puta merda, penso, não caia em mãos erradas, nem em bocas, nem em braços, olhos corações;
O momento de ser feliz sempre chega, o maior erro é o de não tentar!
E isso não é o caso.
 Tentar eu tentei e aqui o resultado!

Pensar demais para o amor é tentar torná-lo racional,
Coisa que ele não é e nem existe pra ser!
Quando ele começa a crescer demais, é hora de arriscar.
Se ele causa saudade, é um motivo a mais pra não deixá-lo escapar.
O amor existe pra se fazer valer
Pense que no final de tudo,
Mesmo que inconseqüente em alguns momentos,
Estou apenas tentando ser feliz!
Querendo conhecer esse gosto terroso que dizem que é a ‘felicidade’. Bla, bla.
Não penso mais.
Simplesmente faço o que dá na hora que dá para fazer!
Sei como dói esperar, pois junto a ti também espero ansiosamente minha chegada em seus braços…
Akiw’
 

Posted on November/16/2011