quarta-feira, 27 de julho de 2011

Desejos de uma noite






Acabrunhada fico,
Fatigada e faminta,
Depois de festejar por uma noite inteira,
Brindo meu sono no tilintar de taças exaustas.

Por mais que meus seios saltem,
Não é isso que eles pedem,
Querem cochilar?
Não, querem explodir!

Pressiono o volume maçante da trilha sonora,
Perturbando-me mais ainda,
Quando posiciono meus olhos na cama,
E cadê? Não encontro você.
  
Depois da fumaça do cigarro,
Da música estridente,
E do vinho barato,
Finalmente, fechei os olhos.


Para meu Ander


Resposta para os versos de Junior punk – Foder faz falta

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Um intento

Não acredito nas façanhas de Cristo,
Trato isso tudo com um sorriso
De meu alegre intento
Quando posso, passo.
Vazio, mando ao espaço.
Contando estrelas insisto,
Porque posso delas ver o brilho.
O real por cima do muro catalogando tudo,
Nelas e delas velejo, faço catado.
Mudo, faço graça, risonho calado.
Emendando o finito de moléculas por moléculas,
Desvendando o cosmo. Então a isto falo
Destes calos sou da terra, volto a ela.


Ander e Akiw 11 de Julho de 2011




Escapatória literária

Ander:
Na subconsciência derradeira procura um caixão fantástico para deitar o negro de sua caveira.
A palidez de uma morta, recém-assassinada pelas desgraças das correntezas.
Venha a mim, minha morta, minha morta mais bela.
Favorita nébula, espirita dos farrapos, das rameiras, das rosas traiçoeiras, alma de gato preto, lambida as patas e já espeta os pelos, escapa do mundo.


Akiw:
Minha alma perversa, tomada por sua aflição.
Relação de negligência incrédula, traição.
Perseverança frouxa, falsidade superior da minha antologia.
Meus créditos de sua face, crentes de sua façanha, aterrorizados com sua barganha, meus credos fálidos.
Mas eu, crente ainda em seu ser cálido.
Morrendo, crescendo, fluindo, morta sempre. 

Akiw 1 de Julho de 2011

Sexo rígido

Sinto meu chão se abrir a seu toque.
No meu peito o coração explodir.
Sinto em meu corpo a febre da paixão,
Sem os teus beijos perdida na razão.
 
Sinto o cheiro do sono atormentar,
No meu caminho noturno perdida em mim. 
Vejo pulsar o sangue de um membro, 
Me prendo a isso, e logo vejo,
Minhas mãos frígidas erguê-lo.
 
Sem suor parece não ter graça,
Mesmo quando essa transa me arrebenta,
Sinto ferver as veias,
E nelas, o mesmo sangue que em teu instrumento.
Então apodere-se de mim em qualquer tempo.

E é nesse sexo rígido que disponho minhas fantasias.
Nesse momento e todos,
É dele que quero sugar suas energias,
Vê-lo num corpo cansado e satisfeito,
Mesmo sem um pingo de suor.

Akiw  12 de Junho de 2011

Belladonna

 11 jun   

  
Gruta minha...
Adentro e intenso
Estalactite e stalagmites
Umidade de espectro ruidoso
E animais peçonhentos
Que vou fodendo
Vibrando o infinito
Ecoando em sangue
As façanhas do destino
Emerge comigo
Esmeralda aflita
Entre as pernas
As babas
De forma indefinida
Serpente marinha
Nas águas gelatinosas
Dançando Macabra
Entre suas pernas gostosas.

"Até mais"

A boca seca não cala;
Se enche de sal e fala:
"Até mais..."
Os olhos se lotam de água salgada e uma lágrima cai;
Assim fica;
É quando o sol se vai;
Teu sangue ferve em água fria;
Um beijo sela a fissura;
Um abraço compra a alegria.

Akiw 7 de Junho de 2011

Fuja Maria, fuja!

Digas o que sentes no momento, abra-se para que o mundo te veja.
Fuja, fuja!
A covardia dentre nós, que obstáculo pões!
Fuja Maria, fuja.
Corra para os braços de quem pensa que lhe satisfaz e guarda-te.
Fuja, mais rápida, seja mais esperta que você mesma!
Mas saiba que não mordo, a não ser que peça.
Maria, Maria mãe do cara que deixou que morresse em teu pranto mais profundo e precário.
Fuja, fuja logo, antes que quem lhe percegue perceba sua indiferença quanto a si mesma. 
Fuja, fuja!

Akiw    6 de Junho de 2011

Momentos ao vento

Há momentos em uns e outros tempos que os momentos já não são percebidos nesses tempos por nossos intentos, muitos deixam que eles se partam aos ventos!

Escrevi essa, posso chamar de frase?, quando li o poema: Há momentos- Clarice Lispector.

Akiw 4 de Junho de 2011

Sinta vontade de ficar

Sinta vontade de ficar. 
Quem sabe percebe que sentado ao meu lado não chora mais, e acha a solução? 
Quem sabe deitado em meu colo suas lembranças boas ou turvas se tornam também as minhas e eu vejo que era só falta da nossa emoção?
É o nosso tempo. 
Sabe bem meu bem que em ti faço meu trilho. 
E sabe mais! 
É em tua cena que deixo minha segunda marca, a primeira está em seus olhos e em qualquer palavra sua bem cravada...

Para meu Ander  3 de Junho de 2011

Para meu Ander

Vamos compensar!

Relembrar as façanhas de todos os dias.
De nem sempre juntos acordar,
Mas compensar tudo com um pouco de zelo.
Um beijo que nos aquece nas noites frias.
Seus olhos essa noite vou fechar,
Com essas mãos que revelam nossas urgias.

Meu bem, agora cheiro a rosas,
Por sua pele meu sexo clama,
Depois do banho de amor que me fizeste.
Algumas velas espalhadas a beira da cama,
Uns incensos para acalmar esse fogo que acendeste.

Velas brancas para a sutileza reforçar,
Vermelhas para colorir o prazer,
E a escuridão de seus olhos clarear.
Já sinto sua pele ferver.

By Akiw for Ander  2 de Junho de 2011

2ª nota sonora para a morte

Um acorde de violino, e o último suspiro da morte.
O vento que sopra, preenche o vazio deixado,
O uivo do vento é a melodia triste de quem partiu.
[Uivo]

Mesmo que eu sinta que quem partiu,
Ainda está vivo em meu desespero,
E o consolo vem com a sonoridade.

Tal que me deixou no âmago do sentimento,
Nada neste mundo pode ser comparado,
Nem as notas ou acordes fazem-me reerguer.
A estrada do luto é longa e tortuosa,
Apenas deixe-me aceitar e sucumbir.

                         Gabriela W. e Akiw

1 de Junho de 2011

Mortalha

Duas visões onde encontro força para tudo suportar;
Uma que me faz te odiar,
Outra que me traz a alegria do teu olhar,
O vento e as vezes até o mar.
Quero agora te desmascarar,
Se esconda para me enganar.

Não vou contar com a sorte,
Pois só agora vi as sombras do que sobrou no beco da morte.
Para chamar sua atenção, me mantenho forte.
Cometo crimes sem norte, sem porte!
É, não posso mesmo contar com a sorte.

Posso até resumir,
Quando vier alguém me perseguir.
Farei o que der para o confundir,
Sou capaz de ferir,
Fingir, mentir, ou mesmo fugir.

Tudo que quero se torna uma medalha,
Em minha mente crio funções para vencer essa batalha,
Formada sem qualquer falha.
Porém, se eu nada conseguir, nem sequer uma migalha,
Não evitarei meu corpo envolto numa mortalha.

Akiw    30 de Maio de 2011

Sol

O sol lá fora e eu aqui perdida num deslizamento,
Nessas circunstâncias de Akiw me sucumbindo,
Não sabendo bem se estou vivendo,
Ou o mundo que está pertinente me invadindo.
Quero que o sol seja bom contigo, meu inimigo que és por mais ébrio,
Isso eu posso pedir a ele, sem pensar no sofrimento eterno,
Por ver nossas verdades mofadas percebeu que não somos feiticeiros,
Não pode ser negado a uma criança vinda de um império, criada por corvos, já de ida para o inferno,
Dado que aqui se vê um rei lendo tais palavras como espelhos.

Akiw   28 de Maio de 2011 

Moonless – ( Mom )

Moonless – ( Mom )

My moon is dead
My plant died yesterday
My love is lost
The way it is done today

But if my moon were here
I would have embraced it
I would have swapped my tears smile
But since I can not choose
I'm away from heaven
To not lose me
Because my moon is dead

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Sem lua ­–(Mãe)

Minha lua está morta
Minha flora morreu ontem
Meu carinho se perdeu
No caminho que se faz hoje

Mas se minha lua estivesse aqui
Eu já teria abraçado-a
Já teria trocado minhas lágrimas por sorriso
Mas já que não posso escolher
Fico afastada do céu
Para não me perder
Porque minha lua está morta

Akiw 10 de Maio de 2011

Caixão

Joguem flores de furta cor
Para o meu caixão passar
Joguem flores
Cor-de-rosa, amarelas, violeta.
Sem o maldito amor
Para me enterrar.

Pois meu coração não vive mais,
 
Ele parou de bater
Minha mente continua a lembrar
De tanto andar, de tanto vagar
Sem ter nenhum motivo para viver.

Meu coração foi enterrado
 
Retirado da sarjeta
Levado para a imundice
Junto com meus brinquedos
Que tremem atrás de mim
Nessa podridão coberta de flores
Carregando do mundo os melhores odores.

Akiw    8 de Abril de 2011

Em legítima defesa

Escrevendo um dia após o outro, em um desses travei, não escrevi mais, comecei a pensar sobre o que escrever, foi meu erro, pensar em que escrever! 
Mas prossegui rabiscando nesse último dia umas coisas sem sentido nem lugar, sem título nem esperança, até que mais a noite em meio a vontade de um cigarro me aparece alguém no pensamento( Suellen de Miranda ) e começando a conversar com esta pessoinha encantadora me desabafei sobre isso, mostrei a ela meu desastre intimo, sem perceber que o fazia elogiou meu escrito e simplesmente me levantou o moral  com um elogio: "Que lindo!" e depois de ler, o pouco que consegui sem forças já, perguntou-me se poderia complementar, fabulosamente ao ler o que acabava de sair do forno da mente de uma criatura que eu não pensava que me faria tão bem, me felicitei, exaltei e me surpreendi ainda mais quando li o resultante, estou grata a ti querida Su.
Então em honra a essa que me "completou":  

Em legítima defesa


Um medo vai até a espinha. 
De desfazer seu rosto em nuvens de poeira.
Da vela acompanhando o devaneio.
De nunca tê-la visto.
Um dedo atravessa o espelho.
Então volto...envolta em dúvida,
Revoltada com a própria volta.

O medo que revolta e a revolta que amedronta.
Volto por mim, mesmo que não.
Volto para dentro de mim, por trás do espelho, do que era real.
Ah... pudera esvair em névoa o que sou de mim.
Assim se meu frágil corpo o atravessar.
Pudera morrer aparte do que eu nunca vivi.


-Por Akiw & Suelen de Miranda-

4 de Maio de 2011

É justo, é normal

"Sou mutável, gosto e desprezo você
Bato em meu rosto te dizendo sujeira
De sexo, amor, e temperos
Não me faça inclinar o corpo
E ver o pôr do sol ao inverso."

Foi quando te vi sentado a um banco impuro
Solitária mente tentando se encontrar
Beijando suas mãos culpadas anotando tudo
Olhando o chão inseguro
Chicoteando com o pensamento até as vespas.

Cuspindo dentes de um jornalista
O sensacionalismo principal
Comédia comprada
A preferência comercial
Sem recompensa, é justo, é normal.

Akiw   28 de Abril de 2011

Velando-te

Akiw': 

 Velo teu sono

Muito silencioso está
Me deito ao seu lado toda noite
As palavras saem da alma por teu sono
Delicadas varam meu peito
Ainda acordada sonho sem engano.

Por entre os lírios surge
Teus olhos como lampejos ,
Na forma culta de uma estrela
Aclarando minha alma na noite urge
Caliente carregado de desejos.

Assim velo teu sono
Mesmo no abandono
De quem não se segura para morrer
Quando dormir é se perder
De um sonho sem dono.

Mesmo nessa forma candura, inocente
É assim que quero te ver
Ter em você isso que me falta derrepente
Completando ladrilhos antigos de meu ser. 

Preciso-te! 

   Tua Akiw'

 

 

Ander:

Nessa noite inquietante 
De suor e certas dormências
Sonhei com a morte
Borrifando suas essências.

Acordei! E para o Inferno com a sua corte (Morte)

Pois o que vejo nesse instante é o porte
Sempre longo de um corpo de carências

Minha amada, minha flor minhas ciências.

Minha poetisa celeste 
De tamanha e tantas, vivências
Cavalgando noturnamente a peste
Velou por meu corpo desse oco agreste.

Velou por meu sono.

Akiw e Ander    22 de Abril de 2011



Trauma

Não dormir não é um lema, é um trauma
É como quem não conhece o sol
Quem nunca o viu,
mesmo que o tenha visto em fotos.

Queria dormir uma noite ao menos
Junto a teu sono quando ele viesse sem calma
Mas se deito, me retorço, te incomodo
é um trauma.

Me falta  sol, me sobra lua
Me sinto morta, e nem me sinto mais
Penso estar presa num caos íntimo
Sim, é um trauma, já disse antes.

Akiw  20 de abril de 2011

Realidade mortal; Sim!

Posso sonhar nessa realidade fatal
Quero estar (entre prantos e risos) em tuas mãos
Pensando bem ...em teu coração saluto
Dentro de seus olhos escuros refletindo o 'mal'

Derretendo do céu uma contente garoa
Tendo a vista do alto ...corpos se movendo e cabeças paradas
Têm-se venda nos olhos
Têm-se mentes infiltradas.
 

Akiw   21/03/11

Âmago - Estômago

Para acalmar meu âmago,
Parei em frente a geladeira.
Logo pensei:"Mato o que me mata de quaisquer maneira!"
A fome do vazio estômago.

O que consegui ontem foi uma torta,
Já derretida.
Mas tinha que ser a minha preferida?
E em alto e bom tom falei:"Pareço mesmo uma mosquinha-morta!" (risos)

Akiw  14 de abril de 2011

Assim vivo viva

Ando tentando, digo...
Fazendo coisas para me acalmar da vida que socialmente é imposta, e nos expõe.
Estou tranquila, e para garantir isso, leio, escrevo, ouço um som de qualidade agutiva, vejo filmes, seriados, e medito quando sinto o desespero bater na mente.

 Não creio que ocupar o tempo seja um plano de vida que quero, tento não OCUPAR o tempo, que é o que a 'MASSA' faz, o que faço é tentar aproveitá-lo, dar um sentido para minha vida.

 Como não creio que a existência em geral seja por acaso, mas também não creio que o destino venha a tona de alguma forma, aproveito o que tenho e o que quero ter, material, espiritual, moral e intelectualmente, para dar esse sentido a minha vida, e não chegar a um ponto extremo sem motivos ou desculpas...

Akiw  8 de abril de 2011

06/04/2011 até o fim dos tempos

Sabe o que é o ser humano??
             NADA
E sabe o que é o nada?
O que faz com que o homem transceda o próprio nada a ponto de criar tudo para si mesmo, para que se diga capaz de ser algo dentro do nada...dentro do que não existe. Que é o que ele cria, faz, senti, muda, aniquila!
Quando o homem nasce, sua primeira ação é morrer, e morrendo mata outro ser, para nascer novamente outro deste, pior que a morte...
O que causa dor e alegria.
Auto-destruidor e auto-criador.
Um pedaço de carne com alguns miolos pensantes!!
                                 

Akiw  06/04/2011

Mensagens do dia-a-dia

 Ander:

Na harmonia de Dois, ao mesmo tempo, espatifados. Se dissolvendo no tempo e no espaço.
18 Fev


Akiw:
"Love and suffering of soul."
19 fev



Ander:

A ausência Akiw
É minimização ilusória
De minha dor
Pois quanto mais
Ausento-me 
Mais apresento 
Da paixão e do amor
Os pertences seus
Do seu cérebro ao seu ventre
...genuinamente.
Quantos dias de tristeza sem fim
De cá ainda em prantos 
“E quando vou se vou mesmo”
Do sol nessa hora chove
As borboletas morrem 
E há trovões e tempestades. 

(Escrito de manhãzinha)
22 fev



Ander:

Se o amor fosse algo de pegar, tocaria essa parte, aquela mais suave, como um corpo leve, adormecido em campinas verde neve, eu iria, eu iria, eu iria... (Te amo mais do que amar)
22 mar

  

Ander:

Numa inquietação diabólica 
Para ter Akiw aqui
Essa ansiedade indomável.
Para ter Akiw aqui
Para controlá-la não a freios
(Controlar esses anseios)
E deixá-la ao seu extremo.
(Mil sentimentos)
Para ter Akiw aqui
Para ter Akiw assim
Para ter Akiw aqui.
Para Akiw aqui. 
Amor.
6 mar

Conto - Uma nota de piano para o soluço da morte

 Seu pai passou pela sala com um gole de álcool na garganta, dizendo:" Saia já daí menina, isso me deixa doido. Não faz outra coisa a não ser fuçar nesse negócio o dia todo!! Queria ver se tivesse que trabalhar dia e noite. Faça algo que dê dinheiro para pagar suas contas. Que saco!"
E ali ela ficou, com os dedos pairados nas teclas paradas de um piano velho.
Um vento clássico de outono inglês fora de época, fora de ordem.
Um caderno a seu lado manchado com chá, apesar de não saber nem que chá era aquele, bebera. Perdera a noção até de onde estava, a quanto tempo, para que. 
Não sabia. 
Uma música na cabeça; um som que ela não conseguira durante 20 anos reproduzir de seu coração para seu piano.
Se cansou de se esperar e saiu. Pegando seu casaco, um caderno de notas com lápis, e um pequeno molho de chaves colocando tudo num bolso escondido.
Ao fechar a porta de frente para seu jardim mal cuidado encostou na grade e parou no tempo pensando em como não pensar em algo, esse algo ela sabia que era o que a sustentava, que a fazia levantar toda noite e tomar um copo de leite e acender um cigarro barato, e era o que neste momento trazia a ela uma vontade de sair para lugar nenhum procurando coisa alguma, sozinha.
Na segunda esquina olhou para trás, rumo a sua casa, e viu sua mãe com o telefone no ouvido esquerdo e a mão direita na testa, saindo pela mesma porta que ela acabara de fechar estando agora aberta; sentiu com isso uma aflição maior que a de costume.
E voltou correndo para casa, como se sua mãe ou algo ali estivesse correndo perigo. Com a mão no peito apertando também os olhos. Parou em frente a mãe, a olhou, seu intimo egoista sentia meio a tudo uma alegria, parecia adivinhar o que estava por vir, entre-olharam, mudas, e a mãe simplesmente deixou o aparelho cair caindo também em pranto como se a filha não estivesse ali, ela sabia, sentia. Era como se estivesse escrito no rosto daquela que a amava tanto. Seu pai morrera neste exacto momento.
Assim deixou a mãe, estática,  muda e quase morta no passeio do jardim tão seco quanto sua alma. Sentou-se no sofá, ia chorar, mas se levantou dali e se pôs frente ao piano e isso a fez esquecer que iam escorrer dolorosas lágrimas por seu rosto. Ali se fez uma canção como marcha fúnebre, a marcha de tom mais forte e mais belo que suas mãos já reproduziram de seu ser mórbido, realizado e em feliz estado.

Akiw 27 de março de 2011

Aventura solitária

Na escuridão de dentro vendo a escuridão de fora.
Qual escolher?
Deixo seguir o fluxo mental.

Reflexos dessa obscuridade sentimental, particular.
Desse aperto na nuca, as mãos girando contra o céu e lágrimas escorrendo pele abaixo.
Solto-me nesse conforto de drama, amparo, Stand up, e conservação do comprimido selo de aventura solitária.

Akiw    24 de março de 2011